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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Risco


Chega mais perto e sente, não precisa dizer. Adoro não saber.
Chega de verdade, mente. Se enganar faz bem.
Chega de vontade, prove. Daqui a pouco nem vamos lembrar. Esquece.
Chega agora que depois se faz tarde, e quando é tarde o tédio vem.
Chega de calar a pele, arrisque.
E antes de chegar lá... Chega aqui meu bem.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Cheire

Não sei o cheiro que a vida tem, mas desconfio que ela usa o mesmo perfume que a chuva.

Para Alexa


Tomara que seu sorrir dure pra sempre, tens a beleza das flores. 
Sua ternura sussurra o amor! 
Só de te olhar os olhos encontram o contentamento. 
Cada gesto seu soa como alvíssaras. 
Sua vida presenteia, doa, faz rir - mesmo que você ainda não saiba.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Somos

Foi: A solidão sufoca as medrosas lembranças e a falta de ar me consome por completo.
Talvez seja: Quando olho, sou só olhar; quando cismo, sou só pensar; quando toco, sou só tato. Sinto muito.
É: As partes só são partes quando nenhuma das partes se queixa.

Fostes: Tão vítima quanto eu, tão delito quanto nós, tão tato quanto temes, tentas.
Talvez seja: O caminho do meio caminha mais rápido. Outros destinos são teimosias, vertigens.
És: o que quer que sejas, que fostes, que serás. Em mim és só olhar, inteiro, tato. Desculpável como eu. Instinto como nós. Atrativo como algumas partes que gritam segundos antes de se deixarem calar.

Somos.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Engano meu, engano seu.

Bebo um pouco desse vão que amarga a alma da gente. Nem sempre o que sai da boca vem do coração, nem tampouco o que entra por ela deixa de tocar a calma, acalma. Algumas frases podiam ser ditas eternamente e sentidas a cada novo interlúdio da canção do tempo. Poderiam ser eternas as pausas de um olhar, e o carinho que afaga a dor só pra vê-la sorrir.
Nem tudo que é lágrima chora, às vezes são apenas gotinhas de saudade escondidas na fenda da espera. Nem tudo que é chuva molha, pode ser que o faro da alma funda e não se sinta. Nem tudo que ama é constante, talvez desafine ao perceber um novo ruído uníssono que o eleve para fora do passado.
Nem tudo que é vida vive, a recordação parece ainda respirar; e o fôlego abandona o sentir diário que se desvia para germinar posteriormente. Sabe que só quando se fizer perdido será buscado e, como tudo que é morto, anseia por viver.
Nem tudo que fala, tudo escuta, pode ser que só consiga escutar a própria voz. Nem tudo que pesa fica no fundo; amiúde crê que o desejo de ser leve o eleve à superfície, nem tudo que pulsa palpita anelando compasso; quiçá espera por uma disritmia no coração do tempo. Nem tudo que é feio assusta, pode ser ele o motivo da inspiração que emana de um simples gesto que encanta.
Bebo da verdade que congela o sentimento. Que só faz olhar pra dentro. Que de nada sobrevive e do nada me persegue. Podiam ser reais as projeções, os filmes e as canções, que recriam suas cenas a cada nova possibilidade de um final feliz. Poderiam ser reais os gritos que imploram mais uma chance todas as vezes que desejo partir.
Tento evitar o domínio do tácito na esperança que a razão se surpreenda e aceite companhia. Invento novas fórmulas sem a intenção de encontrar-me no consolo da resposta. Despeço-me do todo que tudo compreende. Novamente me apresento ao meu todo que se renova sempre parcialmente; nem nada, nem tudo.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Desencontro


Mal notava a falta que sua presença faria. No meu mundo não fazia diferença quem você realmente era. Pelo menos era o que minha mente presumia. Não digo que a mente mente - mas engana. Não consigo lembrar qual foi o dia em que perdi você aqui dentro; aliás, me refiro ao dia que você se perdeu em mim. Sim, te deixei ganhar, porque quando você ganha quem perde não se perde, se encontra. Me encontro... Agora só falta encontrar-te em mim.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sobre nós


Qual de nós previu, ainda que perfeita, tal desventura que me toca?
Posso possuir o que não é meu? Meu? Seu?
Encontro alívio em íntimas ideologias utópicas quando a meia-luz me esconde o sorriso.
Certas incertezas cobrem o vazio que enlouquece a calma.
Inteiras partes de quem és ainda pouco ajudam a escalar do abismo que chamo vida.
Ouves o silêncio da aprisionada alma perdida em vis obrigações?
Contemplo partes desconexas do todo que tudo torna vão.
E por aqui estar, sem rumo, caminho pela doce perfeição que por charada de alguma forma nos une.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

CONFUSÃO


Suas formas ainda não completam a foto do meu imaginário. Tento traduzir com vocabulário manjado suas faces, fases e momentos: percebo que não ecoa o que é silêncio. Seu eu de encontro com o meu é a doçura mais louca do confuso perfeito. Perfeito? Confuso?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sobre amor que conta, faz de conta

Vou contar uma história de amor que começa aqui. Cheguei a pensar que já tinha sido anunciada, mas estranhamente ela se faz recriável a cada novo momento de imaginação. Suponho que minha ternura não se zanga com reformulações, recicla. Reinvento o motivo do meu amor sempre que a desesperança sussurra uma palavrinha desagradável - a uma distância suficientemente audível.

Estou à procura de definições para acompanhar minha frágil razão, que anda muito ressentida pra andar sozinha. Pra mim significa muito estar acompanhada.
O Amor nem bem me deu oi e já quer que eu o apresente acompanhado das suas variações de formas, partes, facetas, etapas, projetos, projeções, surpresas, fases, riscos...
Agora meu amor sofre da variação das palavras ditas em silêncio. Ele sente pena da distância que só um olhar pode conceber. Compreende que para sobreviver é indispensável tolerar o tácito, o tato, o tenso, o teste.
Esta é a estação em que meu amor morre para renascer: encontra estada, paradeiro, permanência na ilusão do que pode acontecer.
Meu amor sofre de insuficiência de atenção, mas espera... Está aprendendo o que já devia estar cansado de saber.
Vive a quinta estação, a estação contrária, caracterizada pelo intrigante encontro da chuva com a seca. Foi neste mesmo estado atmosférico que meu lábio se partiu em dois, e que as cores dos meus olhos foram definidas, a água e o sol deixaram com que as cores sofressem mutações conforme seus encontros e desencontros, a noite e o pirilampo consentiram em disfarçar minha vontade no que alguns chamam de escolha – outros porém nem reparam no fingimento.
Meu amor recente faz mal uso da fantasia, se intriga com a força da fragilidade, se escrevesse um parágrafo ao dia no final dos dias seria um livro notado pela mudança, pelo oposto, pela descoberta, pelo humano, pelo esquecido... E porque não pelo doído?
Meu amor sopra com delicadeza as feridas ainda abertas na esperança de sarar, sanar, saciar. Ele come tudo o vê pela frente contando que assim ficará mais satisfeito, mal sabe a indigestão que uma quimera pode causar.
Meu amor pressente a falta vindoura, apesar de não saber como ela se apresenta em dias claros, acho que a viu esses dias usando roupa cinza, cinza como tudo que é nublado, cinza escuro. É a falta que mescla o branco e o preto, disso está certo! Porém de outras coisas ele não tem tanta certeza: não sabe ao certo qual é a sensação de deixar-se queimar pela descoberta. A descoberta é como fogo que transforma em cinzas o pretérito imperfeito e recria o agora para da mesma maneira consumir-lo, quando o presente e o passado se encontram se transformam em destino, é um ciclo limitado ao tempo. Meu amor descobre só o que lhe convém, tem medo do futuro, por isso não quer experimentar a sensação de ardor, se sente mais familiarizado com a expressão tépida do destino, entretanto sempre se imagina aspirado por um vulcão.
É desse amor que vivo, que falo, que canto, que conto, que às vezes cansa, mas também descansa. Esse amor que não termina, fascina, ensina. Conto do amor que fere, maltrata, consome, ofende, só pra crescer mais e aprender a ser forte. Do amor que me domina, predomina, me prende. Do amor que ama, que me ama, e que só de amar é contente.

quarta-feira, 30 de março de 2011

FATALIDADE


Tropeço ao tentar definir o que não vejo, as nuvens podem causar turbulência na alma inquieta que teima em acolher as escolhas. Só restam fracos ventos que mal conseguem subsistir a violenta razão do ser. Ser ou não ser? Como saber?