Bebo um pouco desse vão que amarga a alma da gente. Nem sempre o que sai da boca vem do coração, nem tampouco o que entra por ela deixa de tocar a calma, acalma. Algumas frases podiam ser ditas eternamente e sentidas a cada novo interlúdio da canção do tempo. Poderiam ser eternas as pausas de um olhar, e o carinho que afaga a dor só pra vê-la sorrir.
Nem tudo que é lágrima chora, às vezes são apenas gotinhas de saudade escondidas na fenda da espera. Nem tudo que é chuva molha, pode ser que o faro da alma funda e não se sinta. Nem tudo que ama é constante, talvez desafine ao perceber um novo ruído uníssono que o eleve para fora do passado.
Nem tudo que é vida vive, a recordação parece ainda respirar; e o fôlego abandona o sentir diário que se desvia para germinar posteriormente. Sabe que só quando se fizer perdido será buscado e, como tudo que é morto, anseia por viver.
Nem tudo que fala, tudo escuta, pode ser que só consiga escutar a própria voz. Nem tudo que pesa fica no fundo; amiúde crê que o desejo de ser leve o eleve à superfície, nem tudo que pulsa palpita anelando compasso; quiçá espera por uma disritmia no coração do tempo. Nem tudo que é feio assusta, pode ser ele o motivo da inspiração que emana de um simples gesto que encanta.
Bebo da verdade que congela o sentimento. Que só faz olhar pra dentro. Que de nada sobrevive e do nada me persegue. Podiam ser reais as projeções, os filmes e as canções, que recriam suas cenas a cada nova possibilidade de um final feliz. Poderiam ser reais os gritos que imploram mais uma chance todas as vezes que desejo partir.
Tento evitar o domínio do tácito na esperança que a razão se surpreenda e aceite companhia. Invento novas fórmulas sem a intenção de encontrar-me no consolo da resposta. Despeço-me do todo que tudo compreende. Novamente me apresento ao meu todo que se renova sempre parcialmente; nem nada, nem tudo.
Cada vez mais belo, e profundo Jé.!! Parabéns..adorei!! bjo com carinho..sua amiga Rê
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