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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sobre amor que conta, faz de conta

Vou contar uma história de amor que começa aqui. Cheguei a pensar que já tinha sido anunciada, mas estranhamente ela se faz recriável a cada novo momento de imaginação. Suponho que minha ternura não se zanga com reformulações, recicla. Reinvento o motivo do meu amor sempre que a desesperança sussurra uma palavrinha desagradável - a uma distância suficientemente audível.

Estou à procura de definições para acompanhar minha frágil razão, que anda muito ressentida pra andar sozinha. Pra mim significa muito estar acompanhada.
O Amor nem bem me deu oi e já quer que eu o apresente acompanhado das suas variações de formas, partes, facetas, etapas, projetos, projeções, surpresas, fases, riscos...
Agora meu amor sofre da variação das palavras ditas em silêncio. Ele sente pena da distância que só um olhar pode conceber. Compreende que para sobreviver é indispensável tolerar o tácito, o tato, o tenso, o teste.
Esta é a estação em que meu amor morre para renascer: encontra estada, paradeiro, permanência na ilusão do que pode acontecer.
Meu amor sofre de insuficiência de atenção, mas espera... Está aprendendo o que já devia estar cansado de saber.
Vive a quinta estação, a estação contrária, caracterizada pelo intrigante encontro da chuva com a seca. Foi neste mesmo estado atmosférico que meu lábio se partiu em dois, e que as cores dos meus olhos foram definidas, a água e o sol deixaram com que as cores sofressem mutações conforme seus encontros e desencontros, a noite e o pirilampo consentiram em disfarçar minha vontade no que alguns chamam de escolha – outros porém nem reparam no fingimento.
Meu amor recente faz mal uso da fantasia, se intriga com a força da fragilidade, se escrevesse um parágrafo ao dia no final dos dias seria um livro notado pela mudança, pelo oposto, pela descoberta, pelo humano, pelo esquecido... E porque não pelo doído?
Meu amor sopra com delicadeza as feridas ainda abertas na esperança de sarar, sanar, saciar. Ele come tudo o vê pela frente contando que assim ficará mais satisfeito, mal sabe a indigestão que uma quimera pode causar.
Meu amor pressente a falta vindoura, apesar de não saber como ela se apresenta em dias claros, acho que a viu esses dias usando roupa cinza, cinza como tudo que é nublado, cinza escuro. É a falta que mescla o branco e o preto, disso está certo! Porém de outras coisas ele não tem tanta certeza: não sabe ao certo qual é a sensação de deixar-se queimar pela descoberta. A descoberta é como fogo que transforma em cinzas o pretérito imperfeito e recria o agora para da mesma maneira consumir-lo, quando o presente e o passado se encontram se transformam em destino, é um ciclo limitado ao tempo. Meu amor descobre só o que lhe convém, tem medo do futuro, por isso não quer experimentar a sensação de ardor, se sente mais familiarizado com a expressão tépida do destino, entretanto sempre se imagina aspirado por um vulcão.
É desse amor que vivo, que falo, que canto, que conto, que às vezes cansa, mas também descansa. Esse amor que não termina, fascina, ensina. Conto do amor que fere, maltrata, consome, ofende, só pra crescer mais e aprender a ser forte. Do amor que me domina, predomina, me prende. Do amor que ama, que me ama, e que só de amar é contente.

3 comentários:

  1. Muito rico de imagens, imaginação e ricos detalhes. Parabéns!
    bjão

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  2. jessika.....simplesmente maravilhoso...
    realmente, super rico em detalhes minuciosos que nao nos lembramos, a não ser quem sofre de amor, ou então vive pra ele...
    Parabéns

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